Entrevista: The Fuzz Drivers

No que diz respeito à produção nacional, o ano de 2013 começa em grande estilo com a estreia homónima dos The Fuzz Drivers. Um disco de classic rock/hard rock mesclado de apontamentos de modernidade indispensável em qualquer coleção fazem deste quarteto mais um nome a ter em conta e a acompanhar. Via Nocturna foi ouvir o quarteto lisboeta.
 
Olá, viva! Os The Fuzz Drivers são uma nova entidade nacional. Podem apresentar-se?
Obrigado pela oportunidade Via Nocturna. Portanto, esta é simples: Marcelo Vieira – vocais, Sérgio “Mad Mag” – guitarras, João Lopes – baixo e Duarte Carvalho – bateria.
 
Como se processou o nascimento deste novo projeto? Que motivações estiveram na sua origem?
O nascimento do projeto foi basicamente uma obra do acaso temperada por algumas coincidências felizes, ou seja, um pouco como nascem todos os projetos genuínos. Todos tivemos trajetórias distintas em várias bandas e projetos ao longo dos anos, mas houve uma trajetória e motivação comum que inevitavelmente permitiu que os nossos caminhos se cruzassem, a paixão por um estilo de música que permanece relevante década após década, mesmo com a sua “morte” sendo constantemente anunciada.
 
Que experiências tinham vocês em outros projetos anteriores?
O Duarte, o Sérgio e o João tem um percurso juntos de alguns anos, nomeadamente nos Os Gully, onde gravaram um EP em 2008, transformando-o depois nos The Fuzz Drivers em 2010, onde após algumas tentativas com vocalistas, aparece o Marcelo no final de 2011. O Marcelo foi o vocalista que escreveu as letras e gravou o álbum Kind of Crime, primeiro álbum dos Hot Stuff nos anos 90 e esteve envolvido em vários outros projetos ao longo dos anos.
 
Porque Fuzz Drivers? Algum motivo em especial?
Representa em pleno o som e o propósito da banda. Quer a palavra fuzz quer a palavra drive, estão intimamente ligadas a dois tipos de efeitos para guitarra, que nasceram nos anos 60 (Fuzz) e 70 (Overdrive), a nossa música tem muitas influências dessas épocas. Por outro lado Fuzz também é um termo urbano, utilizado primeiro nos anos 30 pelos Gangsters americanos, que servia para designar a policia, época em que começou a ser divulgado o delta blues, raiz do rock moderno. Mais tarde também foi utilizado pelo movimento hippie nos anos 60 e inícios de 70, também para designar a polícia. Por ultimo, Fuzz também designa uma matéria indefinida, o que representa a colagem dos sons mais vintage com sons mais modernos, que também caracteriza a nossa música.
 
O vosso disco homónimo é deveras sensacional. Como foi preparar assim um trabalho quase em segredo de forma que caísse que nem uma bomba logo a abrir o novo ano?
Obrigado! A review do Via Nocturna sim foi sensacional! Para nós o processo foi bastante natural e orgânico e até um pouco inesperado. Quando nos juntamos (através do acaso acima mencionado) a nossa panóplia de influências teve um papel preponderante no resultado final que obtivemos. Apesar de todos termos algumas influências comuns, há nuances em cada um de nós que contribuíram para conseguirmos um trabalho coeso e abrangente. Decidimos em conjunto estabelecer datas e prazos para que houvesse uma certa ordem na maneira de fazer as coisas e 31 de janeiro de 2013, pareceu-nos uma data interessante, e assim foi.
 
E que objetivos propuseram a vocês próprios atingir com este disco?
A ideia sempre foi fazer o melhor e mais honesto álbum de rock’n’roll que fossemos capazes de fazer, sem rótulos, restrições e com um único público-alvo: Nós os 4!O conceito inicial foi apenas explorarmos a nossa criatividade e registarmos tudo com a máxima qualidade possível, sem pressões e pensamos que isto tenha sido um fator decisivo no resultado final do que obtivemos.
 
Como caraterizariam a vossa sonoridade presente neste disco?
É um misto de uma sonoridade vintage com modern mas sem evidenciar demasiado nenhuma delas. Também tem uma característica muito pouco comum que é o instrumental ser numa onda mais classic rock e a voz ser bastante mais melodiosa do que aquilo que o instrumental sugere. É essa junção que faz o som The Fuzz Drivers!
 
A festa de lançamento está agendada para o próximo dia 27. Estão a preparar algo de especial para essa noite?
Para além de oferecermos o nosso CD físico com o bilhete de 5€, estamos a preparar um concerto para que ninguém saia do Ritz indiferente! É tudo o que podemos adiantar.
 
Como decorreu o processo de gravação deste disco?
Ainda sem o lugar de vocalista preenchido decidimos começar a gravar maquetes instrumentais com qualidade das músicas que tínhamos composto nos últimos anos. Com a entrada do Marcelo, transformámos a nossa sala de ensaios em estúdio e começámos a gravar as músicas sem qualquer pressão de horas ou budget. Ao longo dos anos fomos acumulando experiência e material de gravação e chegámos à conclusão que a melhor forma de conseguirmos o som que procurávamos seria gravarmos nós próprios, e assim o fizemos. Na fase final tivemos a preciosa ajuda do Tiago Santa Rosa que além de fazer a masterização trouxe o seu “fresh pair of ears” e ajudou a desbloquear alguns impasses a que tínhamos chegado nas misturas.
 
Também já tem o vídeo para Discordia Song. É um trabalho sensacional. Podem falar um pouco da ideia e da sua execução?
Vivemos em uma sociedade imediatista e visual, e se uma banda não disponibiliza um vídeo hoje em dia é como se praticamente não existisse. Fazer um videoclip é sempre um processo delicado e invariavelmente, no caso de uma banda independente e com budget limitado, o resultado acaba sendo, muitas das vezes, aquém do pretendido. Decidimos então seguir inicialmente uma ideia já bastante utilizada, que é a de criar um Lyric video, que ao mesmo tempo em que divulga a nossa música, também exibe a letra da mesma, o que automaticamente apela à nossa atenção. E com isso tivemos mais tempo para avaliar o feedback e criar um videoclip com qualidade. Foi uma decisão acertada. O vídeo proporcionou-nos uma exposição bastante boa e graças a ele tivemos Discordia Song adicionada à programação da SuperFM. Já agora, anunciamos em primeira mão que estamos a trabalhar no videoclip para o nosso segundo single que será The Poet and The Thief e estará finalizado dentro de algumas semanas.
 
E como estamos de apresentações ao vivo? Tem havido alguma procura dos Fuzz Drivers?
Ainda é tudo muito recente, lançamos o álbum oficialmente há menos de 2 semanas, mas o feedback tem sido excelente. Após o concerto de apresentação no dia 27 de fevereiro, temos algumas boas ideias alinhadas. Mas é certo e garantido que vamos para a estrada o mais rapidamente possível.
 
A terminar, queres acrescentar algo mais que não tenha sido abordado?
Obrigado pela oportunidade e por nos ajudar na divulgação do nosso trabalho!

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