Quatro anos depois os Viathyn evoluíram: tornaram-se mais pesados,
mais melódicos e mais progressivos. Pela primeira vez arriscaram guturais. O
resultado é Cynosure um álbum onde
salta à vista a belíssima capa, autoria de Augusto Peixoto. Mas, para além da
capa há música com imensa qualidade. O guitarrista Jacob Wright conduziu-nos
nesta viagem pelo mundo do quarteto canadiano.
Olá Jacob! Tudo bem convosco? Antes de mais, obrigado pela tua
disponibilidade em conversares com Via Nocturna e parabéns pelo vosso excelente
álbum! Podes apresentar os Viathyn aos metaleiros
portugueses?
Sim, nesta altura, está tudo indo muito
bem. Obrigado por nos contactares e pelas tuas amáveis palavras. Os Viathyn são
constituídos por Tomislav Crnkovic nos vocais e guitarra, Alex Kot no baixo,
Dave Crnkovic na bateria, e eu sou o guitarrista Jacob Wright.
Cynosure é
o vosso novo álbum, quatro anos depois de The
Peregrine Way. Porque este hiato?
Fazemos música como um hobby e é difícil de colocar cá fora
álbuns longos e complexos, quando todos nós trabalhamos a tempo inteiro. Todo o
material para Cynosure foi escrito
entre 2010 e 2012 e depois de termos as faixas básicas terminadas, começamos a
gravar em agosto de 2012. Com o passar do tempo, apercebemo-nos de todas as
diferentes camadas que tiveram que ser adicionados para alcançar o som que queríamos
e o processo foi demorando cada vez mais tempo! No verão de 2013, houve uma
grande cheia aqui em Calgary e também perdemos o nosso espaço de Jam/estúdio. Terminamos de gravar o álbum
em fevereiro de 2014, mas passamos os últimos oito meses para receber a mistura
feita, fazer a nossa planificação promocional, terminar a capa e tudo o resto.
De que forma Cynosure
marca a vossa evolução em relação a The
Peregrine Way?
Com Cynosure,
o objetivo era escrever canções mais focadas com identidades únicas entre si,
sendo mais pesado e mais progressivo. Esta foi a primeira vez que usei
guitarras de 7 cordas, e a primeira vez que tivemos guturais. Cada música tem momentos
rápidos e de alta energia e acho que as guitarras e a bateria têm uma relação
muito mais próxima. Pessoalmente, queria fazer os solos de guitarra mais
saborosos em vez de serem tão shred.
Falaste que usam guturais pela primeira vez. Quem foi o
responsável?
Um amigo nosso Sean Jenkins da banda de death metal técnico de Calgary Divinity
é o responsável pelos guturais no álbum. Foi bom poder colaborar com ele e
esperamos fazê-lo novamente no futuro!
E como descreverias, em termos musicais, Cynosure para quem não vos conhece?
A palavra Cynosure significa um ponto de referência ou ponto focal, mas queremos
transmitir mais uma ideia de reunião. O
conceito solto do álbum segue nove personagens que são um agente do caos ou de
alguém que está aflito. No final do álbum, todos elas convergem para ter uma
reunião para discutir o futuro da raça humana. De certa forma, acho que cada
música é uma viagem dentro de si mesma, com muitas peças e arranjos e cada uma é
importante para o sentimento geral e fluxo do álbum. Musicalmente, é melódico,
de alta energia e baseado numa variedade de influências.
Também podemos ouvir muita complexidade técnica, embora nunca entre
em campos do aborrecimento. Como é o processo de escrita nos Viathyn?
Nos Viathyn, temos a mente muito aberta
para ideias uns dos outros e tentamos colaborar no processo de escrita, tanto
quanto possível. Ajuda o facto de todos virmos de um vasto campo de influências
dentro da música e tentamos incorporar os nossos vários gostos musicais para
fazer algo que nos faça sentir felizes a ouvir. Em Cynosure fui o compositor principal e fiz os arranjos para a
maioria das músicas e letras, mas as canções nunca soariam como soam sem as
excelentes contribuições da escrita e colaboração de Tomislav e Alex. Algumas
músicas nasceram organicamente entre Tomislav e eu na sala de jam e outras formaram-se separadamente.
As reviews têm sido muito
boas. Surpreendidos ou nem por isso?
Até agora, as reações para Cynosure têm sido extremamente positivas
e estamos muito gratos e satisfeitos que as pessoas se estejam a ligar à nossa
música. The Peregrine Way teve uma
resposta morna há 4 anos atrás e partimos com o propósito de escrever um álbum
mais maduro. Portanto, acho que era razoável esperarmos uma resposta positiva a
Cynosure, mas tem sido
surpreendentemente positiva até agora!
Este álbum acaba por ser, também, um pouco português (risos). Como descobriram
o Augusto Peixoto para a capa?
Sim! Há uns anos andávamos a navegar na
página da DeviantArt para obter alguma
inspiração para o nosso artwork e
deparamo-nos com o Augusto Peixoto e a sua obra. Estávamos fascinados por quão
bela e expressiva é a sua arte. Por esta altura, tínhamos acabado de escrever o
material para o álbum, e estavamos à procura de algo que abrangesse também o
tema. Encontrei esta peça, imediatamente o contactei por e-mail e comprei os direitos para a usar! Ele é um artista
maravilhoso e espero usar a sua arte novamente no futuro.
A respeito do processo de gravação, como foi o tempo de estúdio? Foi
uma experiência fácil?
Uma vez que todos trabalhamos a tempo
inteiro e com horários diferentes, só conseguimos ter algumas horas por semana
de tempo de estúdio juntos. Por isso, foi um processo muito longo! Felizmente,
Tomislav é muito conhecedor do processo de gravação e assim foi relativamente
suave quando estávamos a gravar. Primeiro fizemos as baterias, depois as
guitarras, seguido pelo baixo. Depois disso, guitarra-solo, backing tracks e vocais. O álbum tem
cerca de 100 pistas de instrumentos por música e algumas delas foram divididas
em dezenas de peças. Não te consigo dizer quantas no total tem o álbum, mas seguramente
é da ordem de dezenas de milhares!
Já têm algum vídeo filmado a partir deste álbum?
Estamos a trabalhar para ter um ou dois
vídeos musicais deste álbum! Fizemos algumas imagens enquanto gravávamos e incorporamo-las
num minidocumentário. Além disso, temos um vídeo play-through de guitarra da música Edward Mordrake a sair em breve, bem como um lyric video de animação para The
Coachman.
E projetos para os tempos mais próximos, como tocar ao vivo, por
exemplo. O que têm em mente?
Tocar ao vivo é sempre uma coisa
divertida de fazer, mas é algo que só fazemos um punhado de vezes a cada ano. Acho
que só tocamos cerca de 25 ou 30 vezes desde 2009! Na maior parte, isso
geralmente garante que há uma multidão grande e entusiasta. Claro que gostaríamos
de fazer mais algumas datas em diferentes áreas fora da região oeste do Canadá.
Essa sensação de adrenalina, enquanto estamos no palco é grande e nós tentamos sempre
fazer o nosso desempenho energético e divertido.
Mais uma vez obrigado Jacob! Foi um prazer conversar contigo. Queres
acrescentar mais alguma coisa para os nossos leitores ou para os teus fãs?
O prazer foi meu! Para os teus leitores e
para os nossos fãs, obrigado imensamente por todo o apoio! Este tipo de
resposta é exatamente o que nos motiva a esforçar-se para fazer música
interessante e faz todo o esforço valer a pena. Obrigado!!
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