Entrevista: Cold Shot



A editora Americana Eonian Records continua a apostar em fazer renascer grandes trabalhos que se perderam nos finais dos anos 80/princípios dos anos 90 quando o grunge simplesmente aniquilou o hard rock. Cerca de duas décadas se passaram e o teste do tempo, implacável como sempre, vai trazendo à tona o que de facto era bom. Como o disco homónimo dos Cold Shot. A banda, todavia, não está de regresso, como aliás nos esclareceu o guitarrista Anthony Gallo que também recordou outras peripécias de há 25 anos atrás.

Viva Anthony! Obrigado pela tua disponibilidade! Tudo bem contigo?
Sim, está bem! Lol!

Vinte e cinco anos depois estão prontos para uma nova oportunidade? Para valer, desta vez…
Na realidade, não. Este lançamento contém todas as nossas gravações entre 1988 a 1990 e o nosso espetáculo de reunião dos 25 anos foi uma exceção. Todos os elementos dos Cold Shot vivem em estados diferentes e todos se mudaram em diferentes direções. No entanto, todos temos mantido o contacto e ainda somos muito amigos. O vocalista Adam Murray vive na Virgínia e tem uma banda de muito sucesso chamada The Adam Murray Project Murray. Ricky e Erin (baterista e baixista) residem em Portland, Oregon, e tocam numa das bandas mais bem-sucedidas da área chamada The Strange. Eu, o único nativo da Califórnia, ainda cá resido e tenho uma nova banda chamada Slamnation com ex-membros dos Suicidal Tendencies e numa linha de speed punk/metal como mostramos no programa televisivo Sons of Anarchy.

Ainda te lembras dos primeiros tempos? Grandes canções, uma assinatura com a Virgin e… subitamente esmagados pelo grunge. Como olhas para esses tempos agora?
Sim os nossos primeiros tempos foram muito intensos e estávamos muito focados no que seria o fim do nosso jogo. Infelizmente, o nosso tempo foi desligado e nosso tipo de música foi posto de parte. Felizmente, a música fala por si e ultrapassa o teste do tempo. Agora esperamos que a nova geração de Metalers possa desfrutar de nossa música, já que foi lançada de forma profissional.

E este álbum tem apenas canções antigas ou tem algumas atuais?
Não, todos os temas têm 25 anos de idade, mas gravadas tão bem que parece que detém padrões atuais.

Duas destas canções foram gravadas para o primeiro filme de Brad Pitt, não foi? Chegaram a conhecer o ator nessa altura?
Bem, na realidade fomos abordados pela produtora para apresentar oito canções para eles escolherem uma para o filme, mas acabaram por escolher duas que foram colocadas de forma adequada no filme. Na medida em que os atores estavam em extremos opostos em relação à produção, nunca conheci nenhum deles. No entanto, foi um bom filme!

Ao longo destes 20/25 anos tem sido sempre o mesmo line-up?
Si, a mesma banda, os mesmos elementos. Adicionamos alguns músicos em algumas gravações por questões de disponibilidade, mas, em geral, temos sido apenas nós quatro.

É curioso verificar que vocês não são caso único na Eonian Records, a vossa editora. É caso para dizer que na Eonian acreditam no verdadeiro hard rock
Oh ya! A Eonian tem um camião carregado de grandes bandas e eu diria com segurança que tudo gravado profissionalmente e com grande marketing. Eles não se pouparam a despesas e o resultado está à mostra.

Ainda te lembras de como foi a experiência de gravar este disco?
Já gravamos estas coisas há tanto tempo que algumas memórias podem variar. (risos) Tivemos muita sorte em poder gravar com alguns dos melhores engenheiros e produtores da época. Foi-nos permitido o tempo suficiente para lançar as faixas como realmente queríamos e utilizamos o nosso tempo nesse trabalho. Foram gastos milhares, é óbvio! Não há uma faixa que eu lamente. É uma verdadeira representação do que eram os Cold Shot e sobre o que tentávamos transmitir na década de 90.

Na altura tiveram oportunidade para andar em tournée um pouco por toda a Califórnia. Já percebi que agora não vamos ter os Cold Shot de novo ao vivo…
As únicas vezes que fomos em tournée para fora de Hollywood foi para o Havaí e Cabo San Lucas, no México. Digo isso porque, na altura, apenas eramos conhecidos em Los Angeles e não teríamos vendido bilhetes fora da cena de Hollywood. Basicamente centramo-nos em LA e tocávamos para obter a atenção de alguma editora, porque eles não iam para Bakersfield ou San Francisco à procura de bandas. Era tudo em Hollywood!

Achas que a perigosa cena rock dos anos 80 de LA está de regresso?
Nem pensar que Hollywood irá ser sempre como era nos anos oitenta e início dos anos noventa. Sem telemóveis nem câmaras escondidas. É uma altura diferente agora e cada um deve abraçar essa diversidade.

Têm alguns vídeos retirados deste álbum?
Vídeos que se correlacionam diretamente com este álbum não há, mas há algumas cenas do início da banda, ao vivo no Gazzaris e no Troubadour.

Mais uma vez obrigado Anthony. Foi um prazer conversar contigo! Queres acrescentar mais alguma coisa?
Apenas que estamos honrados pela possibilidade de revisitarmos as nossas vidas quando éramos jovens, com fome e perseguíamos os nossos sonhos. Acho que é algo que se perde no mundo tecnológico de hoje com telemóveis e computadores. O facto de sermos capazes de finalmente lançar as nossas músicas literalmente perdidas e de ter novos fãs e ouvintes que podem e irão apreciá-la, foi apenas o que o Dr. nos pediu! Reunimo-nos e tivemos um espetáculo do 25º aniversário muito bem-sucedido. Fomos capazes de passar uma semana inteira juntos e não poderíamos ter pedido uma resposta ou sentimento melhor. Nós, os Cold Shot, queremos agradecer a todos os nossos amigos e fãs e a Stephen Craig e a todos na Eonian por completarem o nosso sonho perdido! Obrigado a todos.

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