Entrevista: Jimmy McIntosh


Já se passaram nove anos desde que Jimmy McIntosh se estreou com Orleans To London mas, a longa espera acabou com o guitarrista norte-americano nascido no Brasil a lançar o seu segundo álbum intitulado Jimmy McIntosh And… que como facilmente se depreende apresenta o guitarrista rodeado de um ilustre conjunto de nomes onde se destaca Ronnie Wood (Rolling Stones) e as lendas da guitarra John Scofield e Mike Stern.

Olá Jimmy! Este álbum é o seguimento do trabalho de 2006 Orleans To London. A que se deveu este longo intervalo entre álbuns?
O longo intervalo entre álbuns deve-se provavelmente ao facto de tocar seis noites por semana e ensinar dois dias por semana no Departamento de Música da Universidade de Las Vegas.

Alguma coisa difere neste teu novo álbum? Alguma coisa mudou no teu método de trabalho?
O meu método de trabalho mantém-se o mesmo. Gostaria de ter dado a mim mesmo um prazo para o desenvolvimento do trabalho. Dar um tempo limite realmente ajuda a escrever músicas. Depois, enviei as estruturas básicas para o baterista Toss Panos e para o baixista John Humphrey antes de nos juntarmos nos estúdios de Toss em North Hollywood.

Neste álbum surges acompanhado por uma grande equipa. Como aparecem eles no disco? Foi fácil para ti convencer todos aqueles "monstros sagrados"?
Comecei com Toss Panos, que ouvi com Michael Landau e John Humphrey e que conhecia do Scott Henderson Trio. Albert Wing (sax tenor) vive em Los Angeles. Ouvi-o pela primeira vez em 1996 a tocar com Scott Henderson e sempre quis trabalhar com ele. Albert esteve fenomenal no tema de Ronnie Wood I Gotta See e no de Keith Richards Demon. O Ronnie adora a forma de Albert tocar. Conheço Mike Stern e John Scofield há cerca de 13 anos e foram eles que me incentivaram depois do meu primeiro álbum Orleans To London. Mike disse que se eu fizesse outro álbum ele iria tocar nele. Também esperava que John Scofield puesse tocar neste novo álbum e aconteceu ele vir tocar a Las Vegas com Phil Lesh And Friends em abril de 2014 por isso, enquanto estava na cidade tocou em Letsco (escrita por ele) e Lavona’s Boogie. Ronnie Wood tocou no meu primeiro álbum, juntamente com Jeff Beck, que ele trouxe. Fiquei com o contacto dele e tornamo-nos bons amigos, e quando fiz a versão de I Gotta See ele quis tocar nela. Ivan Neville também tocou no meu primeiro álbum, portanto para este queria voltar a contar com Ivan e Ronnie novamente.

Blues e/ou jazz, o equilíbrio permanente neste álbum. Onde te sentes mais confortável, se é possível afirmar isso?
Estás certo! Estou no meio do Blues, Jazz e Rock. Eu ainda estudo Jazz transcrevendo e aprendendo solos de BB King, Stevie Ray Vaughan, Hendrix, Ronnie Wood, Jeff Beck, Michael Landau, Scott Henderson, John Scofield, Mike Stern etc.

Olhando para o álbum agora, achas que alcançaste todos os objetivos pretendidos no início de todo este processo?
Musicalmente e artisticamente estou feliz com o álbum. Também o facto de ter podido trabalhar com heróis que se tornaram meus amigos é um sonho tornado realidade. E, é claro, espero vender mais CDs.

O álbum foi gravado na Califórnia e não em Las Vegas. Qual foi a razão? E como decorreu todo esse processo?
Foi gravado em Los Angeles (North Hollywood) porque Toss Panos (baterista), com quem eu queria trabalhar tem um enorme estúdio em casa. Também John Humphrey (baixo) com também queria tocar vive em Los Angeles. Todos os meses ia para Los Angeles e gravava algumas músicas. Depois de escrever as músicas, enviava demos para Toss e John. Executamos as músicas algumas vezes e fizemos dois ou três takes como trio. Isso deu ao disco uma sensação live. 80 por cento dos meus solos são tocados ao vivo com Toss e John. Depois enviei as faixas para Nova Orleans para Ivan gravar. Ivan gravou a sua parte de uma assentada num take non-stoping. Por isso mesmo com os overdubs ainda tem uma sensação live. Mike Stern gravou ao vivo connosco quando esteve em LA. Foi bombástico. John Scofield gravou em Las Vegas também sem paragens. Depois fui a Londres, para a sessão com Ronnie Wood. Foi uma sessão incrível. Ele fez alguns solos diferentes na sua música I Gotta See e foi difícil escolher, porque eram diferentes e todos realmente ótimos! Algumas pequenas jams de blues foram todas feitas ao vivo, sem ensaio e num único take.

Exatamente, há aqui muita jam! A química entre todos os músicos permitiu-te correr alguns riscos neste campo?
Sim, este álbum é sobre tocar juntos de uma forma espontânea. Com estes músicos sempre confiei que fossem tão fantásticos como o foram. Eu não queria muitos ensaios nem muitos takes, porque com improvisos geralmente os primeiros takes são os melhores, desde que cada um saiba a melodia. Deixei os músicos perceberem que tipo de estilo e vibe eu queria.


As primeiras reações ao álbum estão a chegar, suponho. Como tem sido o feedback?
Os comentários têm sido muito bons. Em janeiro O álbum foi uma das escolhas dos editores na Downbeat Magazines, o que foi uma honra!

Sei que nasceste no Brasil, mas que te mudaste muito jovem para Michigan, certo? Demasiado jovem para não seres influenciado pelos ritmos e sons brasileiros?
Por razões musicais gostaria de ter vivido mais tempo no Brasil. Mudamo-nos para os EUA quando tinha quase 7 anos de idade. Porém, ainda acho que haja alguma influência e é essa provavelmente a razão pela qual eu sou louco por ritmos de Nova Orleans, que não é assim tão diferente da música brasileira.

Mas continuas a manter contacto com as tuas raízes brasileiras ou não? Isto é, vais frequentemente ao Brasil?
Nunca mais voltei ao Brasil porque não tenho lá familiares. Os meus pais eram dos EUA.

Vamos dar uma olhadela à tua agenda. O que tens previsto para os próximos tempos?
Estou a tocar 6 noites por semana no espetáculo Jersey Boy aqui em Las Vegas. Toss Panos e eu temos vindo a falar sobre tocarmos no famoso Baked Potato Club, em Los Angeles este ano. Fui ver os The Rolling Stones a Minneapolis a 3 de junho e tive uma agradável visita com Ronnie Wood. É possível que possamos fazer algo no futuro!

Bem Jimmy, mais uma vez, muito obrigado pela tua disponibilidade. Queres acrescentar mais alguma coisa a esta entrevista?
Obrigado pelo interesse. Foi divertido responder às tuas perguntas. Tudo de bom!

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